Como Camila Borssoi veio estudar artes no Canadá

Brasil

A catarinense Camila Borssoi já era formada no Brasil, mas decidiu fazer uma segunda graduação no exterior. Ela conta como é estudar Artes no Canadá, na Universidade de Montreal. "Para quem quer fazer faculdade dentro de uma área de estudo que envolve cultura, Montreal é a escolha certa".

Filha de professora de educação artística, desde pequena fui incentivada a gostar de artes e sempre tive vontade de conhecer a história da arte em toda sua riqueza, mas tive dificuldade de encontrar um curso voltado a este assunto no Brasil. Como estava estudando francês e já falava inglês, escolhi Montreal. Então busquei informações e conversei com pessoas para enfim descobrir a Université de Montréal (UdeM) e sua excelente reputação mundial. Em seguida, enviei meu dossiê para Montreal e duas semanas depois recebi a aprovação na UdeM.

Embarquei para Montreal um mês antes de começarem as aulas. Foi o tempo ideal para encontrar um bom lugar para morar e cumprir as burocracias iniciais com tranquilidade. Neste período, também pude aproveitar a recepção que a universidade oferece aos calouros. Recomendo a participação, porque assim fica fácil de se habituar ao sotaque local e se acostumar com a localização dos prédios no campus, o que me ajudou muito a ganhar tempo na minha rotina.

Outro fator que me levou a escolher a UdeM foram os recursos e a estrutura da universidade. As salas e as bibliotecas são muito bem equipadas. A tecnologia está sempre presente, tornando o aprendizado mais atraente e eficaz. Os professores também são excelentes, eles dominam o conteúdo e fazem o necessário para atender o aluno.

Antes de começar meu percurso até aqui, eu me preocupei bastante com a questão financeira. Os graduandos têm mais dificuldade do que mestrandos e doutorandos em obter bolsas de estudo. Além disso, o estudante estrangeiro desembolsa mais do que um estudante quebequense. No entanto, com um bom planejamento financeiro é possível pagar os estudos em Montreal e ainda custear uma vida social. 

Outro desafio é se acostumar com a distância. No início, sentia falta da família e dos amigos no Brasil. Também não foi fácil fazer novas amizades aqui, mas aos poucos tudo vai se ajeitando. Acabei encontrando pessoas maravilhosas, que hoje são minha família em Montreal.

Atualmente tenho somente 12 horas de aula por semana, mas preciso estudar muito em casa. No meu curso, os professores dão muitas leituras, fundamentais para acompanhar a aula, e os trabalhos exigem dedicação para se conseguir uma boa nota. Para cada hora que o estudante passa em sala de aula, a universidade sugere três horas suplementares de estudo em casa. Assim, sou considerada uma estudante a tempo integral. Mas quando se estuda o que gosta, os desafios tornam-se mais fáceis de serem superados. É com muito prazer que faço as leituras, descubro novas palavras e me apaixono cada vez mais pela língua francesa, pelas artes e pela Université de Montréal, que está me proporcionando uma experiência de vida muito enriquecedora. Graças ao seu respaldo, recentemente consegui um estágio numa fundação que é mantenedora do Museu Pointe-à-Callière, considerado o mais importante museu arqueológico do Canadá.

Para quem quer fazer uma universidade dentro de área de estudo que envolve cultura, Montreal é a escolha certa. A cidade apresenta uma grande diversidade de atividades. Seus arredores têm dezenas de museus sobre os mais variados assuntos, das artes à história do Quebec. Ainda não consegui visitar todos, mas está na minha lista de objetivos.

Além disso, ainda há diversos eventos culturais, como festivais de música, teatro, cinema, dança e muitas galerias de arte bem-conceituadas. Muitos desses eventos são gratuitos. Falta é tempo para aproveitar tudo o que a cidade oferece!

Camila Borsoi é formada em Naturologia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL). No Brasil, ela era proprietária de uma loja de artesanato em São José-SC, antes de começar a cursar a graduação em história da arte na Université de Montréal (UdeM). Considera a arte como o reflexo de uma sociedade.

*Texto publicado no blog Estudar Fora no dia 7 de agosto de 2018.