De Porto Alegre a Montreal: em busca de qualidade de vida e excelência acadêmica
- Brasil
Daniel Pereira Milazzo
Como você se preparou para vir se instalar em Montreal?
Eu e Rafael, meu marido, vimos muitos vídeos, lemos muitos textos e começamos a amar Montreal, mesmo de longe. Começamos a estudar francês e fizemos um planejamento financeiro. O Rafael é superorganizado, já eu não sou muito boa com isso. É o mal das pessoas criativas, elas não são organizadas. Ele organizou tudo e viemos em fevereiro de 2016 para conhecer a cidade e a universidade. Inclusive, estava havendo o Portas Abertas. E foi a partir daí que tudo aconteceu.
Como você ficou sabendo da Bolsa C?
Foi através de uma amiga brasileira que na época já estava fazendo mestrado na UdeM. Fiz o pedido da bolsa junto do pedido da admissão. A resposta da admissão veio em maio, e a da bolsa, no fim de junho. E foi aquele alívio! Até saímos para comemorar.
E como a obtenção da bolsa mudou tua experiência acadêmica?
Mudou muito. Estou tendo a oportunidade de estudar sem precisar trabalhar, o que faz uma diferença enorme. Se eu trabalhasse, não sei como daria conta.
Qual o tema da tua pesquisa?
Estou pesquisando o impacto de location based games no espaço urbano. Esses jogos funcionam através da geolocalização, que é captada pelo GPS do celular. São jogos como o Pokémon Go, embora o primeiro do tipo tenha surgido em 2001 e se chamava Geocaching. Quero entender como esse tipo de jogo leva o jogador a desenvolver uma relação diferente com a cidade, um maior engajamento através de histórias, de lendas. O jogador vai percorrendo a cidade, talvez indo a lugares novos ou criando novas memórias de lugares que já conhece.
O que está achando da universidade?
É maravilhosa! A estrutura, a biblioteca... O acesso à informação aqui é gigantesco. Esse esquema de acessar artigos científicos fora do campus é uma facilidade gigante! As salas são super bem preparadas. Entrar num auditório onde tudo está organizado, com iluminação direcionada, um projetor que funciona... tudo isso para mim é novidade.
E como você tem aproveitado as aulas?
Eu achava que teria um ano de conteúdo e depois um ano para me dedicar à minha pesquisa. Mas cheguei aqui e vi que já fui “jogada” na minha pesquisa. Isso me desestabilizou um pouco porque ainda não me sinto preparada para formular uma questão, para formular hipóteses, acho que ainda é muito cedo. Vejo que os colegas têm a mesma dificuldade e pelo menos isso me tranquiliza. É uma abordagem diferente: não estou aprendendo conteúdos gerais, estou me focando no conteúdo específico que vim desenvolver aqui.
Que conselho você daria para um brasileiro ou brasileira que pretende vir estudar em Montreal?
O principal é focar bastante no estudo do francês. Nas primeiras semanas, eu saía da aula com dor de cabeça de tanto raciocinar. Aconselho também a pesquisar o quanto antes o vocabulário técnico de sua área, para ir se adaptando e chegar mais preparado. Eu, por exemplo, demorei umas duas semanas para entender que développement durable queria dizer “desenvolvimento sustentável”! Pesquisar bem o programa de estudos também é importante. As pessoas aqui em geral são bem abertas, vão responder os e-mails, os professores vão dispor de um tempo para poder te atender.
Você está satisfeita com tua experiência acadêmica aqui na Universidade de Montreal?
É uma oportunidade incrível vir estudar num lugar como esse, estou bem impressionada. Nunca imaginei que poderia estudar numa instituição assim. Eu amaria ter feito uma graduação aqui.
Daniel é jornalista e doutorando em Literatura Comparada na Université de Montréal, onde pesquisa a relação do homem com a eternidade. Eclético, ele se interessa tanto por Tintin quanto por Spinoza, gosta tanto de futebol quanto de música clássica. Apaixonado por línguas, fala português, inglês, francês e espanhol, entende um pouco de italiano e está estudando alemão…