O percurso da catarinense que trabalha por um mundo mais sustentável na Université de Montréal

Brasil

Estudiosa e preocupada com o meio ambiente, Suéli uniu as duas paixões para focar sua pesquisa de doutorado. A catarinense de 26 anos é formada pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e bolsista do Ciência sem Fronteiras. Na UdeM, ela busca uma forma de aperfeiçoar o processo de fabricação de plástico sustentável.

Como surgiu essa ideia de estudar fora do Brasil?

Quando eu fazia meu mestrado no Brasil, eu tinha um professor que fez doutorado e pós-doutorado fora do país e ele incentivava bastante a gente a fazer pós-graduação no exterior também. Isso vem muito na contramão do fluxo de estudantes de pós-graduação no Brasil porque, no geral, existe essa cultura de fazer tudo no Brasil. Esse professor incentivava a gente a fazer justamente o contrário, a buscar experiências fora do país. E isso ficou muito na minha cabeça.

Como foi essa escolha pela Université de Montréal?

Foi com base nas universidades que tinham parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que eu fui procurando quais universidades tinham programas que se adequavam ao que eu queria. E aí eu fui em busca dos orientadores, quais trabalhavam com o que eu queria. Eu fui filtrando e, no fim, sobraram então a Universidade de Montreal e o Instituto Federal de Zurich.

O que te fez decidir pela UdeM?

Então, aí foi uma série de fatores na verdade. Apesar de as duas universidades me agradarem muito, Montreal é um lugar que me chamou muito mais a atenção. Quando eu fui pesquisar sobre a cidade, sobre a cultura, descobri que pessoas de todos os lugares do mundo vivem aqui. O custo de vida falou muito alto também porque eu considero Montreal um lugar com custo de vida muito razoável para se viver, mesmo com uma bolsa de estudos, e já Zurich seria extremamente caro. O grande diferencial da Université de Montréal é o Centro de Química Verde.

 A UdeM atingiu as tuas expectativas?

Muito mais. É muito, muito, muito, como digo em inglês, nessa parte a língua ajuda, é way more do que eu imaginava. Eu já imaginava que seria bom, que eu queria uma boa infraestrutura, mas é como se eu não me cansasse de ficar surpreendida com tudo. O orientador é extremamente presente. Ter apoio do meu orientador para minha qualificação foi extremamente importante. Ele não deixa faltar nada no laboratório, eu tenho todos os reagentes que eu preciso, todos os aparelhos que eu preciso. Se a gente não consegue, se tem algum aparelho que a gente precise usar que não tem aqui na UdeM ou não tem em nenhuma outra universidade de Montreal, eles custeiam para a gente ir até outra cidade para usar.

Qual o assunto do teu projeto de pesquisa?

O meu projeto é a síntese de catalisadores para produção de biopolímeros. O monômero, ou molécula, do polímero que usamos aqui vem de fontes renováveis, e a partir dessa molécula a gente consegue fazer um polímero que possa ter propriedades plásticas para a gente usar, em garrafas plásticas ou em qualquer outra coisa que possa ser usada como plástico. Seria um plástico sustentável, um plástico biodegradável.

Como o teu projeto pode beneficiar o Brasil?

O Brasil é um dos países que mais se preocupam com o meio ambiente até porque ele tem uma natureza muito diversificada e abundante. Isso faz do Brasil um país onde tudo o que pode fazer mal à natureza precisa ser levado em conta. Quando utilizamos produtos químicos, já existe todo um problema por trás por causa dos resíduos tóxicos que podem ser liberados, que podem ser gerados na degradação de muitos produtos. Então, eu acho que ter essa experiência trabalhando com química verde, trabalhando com esse tipo de catalisadores que eu tento desenvolver aqui e levar isso para o Brasil pode ajudar muito mesmo em nível industrial, para que a gente diminua o máximo possível os impactos ambientais que a química feita no Brasil pode ter.